Muitos especialistas e investidores apostaram na moeda americana, esperando que ela subisse incessantemente apesar da alta inflação e de uma recessão. Mas seus adversários duvidam da força do dólar, mesmo que seja tradicionalmente considerado como um ativo seguro. Alguns participantes do mercado temem que a fuga para a moeda americana em face da crise atual não seja benéfica para os investidores.
A supremacia do dólar permite aos Estados Unidos manter o controle do sistema financeiro global e do comércio mundial. Entretanto, analistas acreditam que a situação pode mudar. Muitos ativos de commodities se transformaram em instrumentos financeiros, e os volumes de investimento dependem de fluxos de capital que são principalmente denominados em dólares americanos.
O domínio do dólar torna os mercados globais dependentes de mudanças na política monetária do Fed, bem como do estado da economia dos EUA. Isto ajuda a regular a produção global. Ao mesmo tempo, a força do dólar é sustentada pela estabilidade da economia dos EUA.
Mas a principal ameaça ao dólar continua sendo uma recessão iminente nos Estados Unidos. A taxa atual da Reserva Federal é de 4%, mas este não é o limite. Já a inflação americana está em 7,7%, apesar de ter sido de 1,3% em janeiro de 2021. Neste contexto, as corporações americanas estão aumentando os gastos para manter o peso da dívida.
Muitos analistas estão preocupados que os EUA possam cair em uma recessão, que atingirá o mundo inteiro. Temendo tal cenário, os investidores estão transferindo seus ativos dos países em desenvolvimento para a maior economia do mundo. Isto, por sua vez, apoia o dólar e contribui para a recuperação da economia dos EUA.
O sistema financeiro baseado no dólar permite que o dólar se beneficie em caso de inconvenientes econômicos e financeiros. De acordo com especialistas, os EUA conseguiram construir um sistema pelo qual sua moeda consegue manter seu status de moeda porto-seguro em qualquer crise.
No entanto, a grande recuperação atual do dólar representa um desafio para outros países que têm dívidas denominadas em dólares americanos. Não apenas a moeda em que a dívida nacional é denominada, mas também as taxas de juros das dívidas federais estão crescendo em meio ao aperto da política monetária da Reserva Federal dos EUA.
Além disso, o dólar americano é usado como uma arma na guerra das sanções. O congelamento dos ativos em dólares detidos pela Rússia, Irã, Venezuela, Cuba e Afeganistão acrescentou combustível ao incêndio. Como resultado, muitos países estão agora engajados em esforços substanciais para reestruturar seu comércio mútuo e mudar para assentamentos em moedas nacionais. Isto reduz sua dependência do dólar no longo prazo, dizem os especialistas.
Adicionalmente, o caminho agressivo do Fed continua sendo um desafio, pois esta política contribui para o aumento dos custos do serviço da dívida que já estão acima de 30 trilhões de dólares. Ao mesmo tempo, o aumento das taxas pelo banco central americano em meio à inflação crescente e a eliminação gradual do programa de flexibilização quantitativa faz com que o dólar perca sua posição hegemônica. Isto resulta em saídas de capital, um dólar mais forte e ativos mais fracos e arriscados. Isto cria problemas para o comércio global a longo prazo, ressaltam os especialistas.
Agora os Estados Unidos têm duas opções para manter a supremacia de sua moeda nacional. O país pode criar um mundo unipolar e pressionar os países que dependem dos EUA a recusar sistemas alternativos de pagamento.