Não está claro se as tarifas vão melhorar a economia americana, mas, por enquanto, elas estão fazendo com que os índices de ações dos EUA tenham desempenho inferior aos seus equivalentes no exterior. O Índice MSCI World, excluindo os Estados Unidos, subiu 18% desde o início do ano, enquanto o S&P 500 teve um ganho inferior a 8%. Os mercados acionários da Espanha subiram 26%, os da Alemanha 21%, os do México 18%, os do Brasil 14% e os do Canadá 12%. A incerteza em relação às políticas de Donald Trump está provocando saída de capital. No entanto, os Estados Unidos têm suas próprias vantagens.
Dinâmica dos índices de ações globais e dos EUA
A resiliência da economia às tarifas, os fortes lucros corporativos, a recompra recorde de ações por emissores dos EUA, as tecnologias de inteligência artificial, as expectativas de flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve e, finalmente, a atuação dos compradores aproveitando quedas continuam sendo os principais motores da alta de 30% do S&P 500 desde suas mínimas em abril.
Com exceção do último relatório do mercado de trabalho, a economia dos EUA mostrou notável resiliência às tarifas de Trump. Os investidores começaram a sentir que o pior já passou. O auge da incerteza comercial ficou para trás. A probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses caiu de 65% em 2023 para 35%. Ao mesmo tempo, os mercados contam com a retomada do ciclo de expansão monetária pelo Fed em setembro. Segundo a integrante do FOMC Michelle Bowman, o banco central deveria cortar a taxa básica de juros três vezes para evitar que a economia congele.
Para as empresas do S&P 500 que divulgaram resultados do segundo trimestre, os lucros foram 10% maiores, quatro vezes acima do esperado pelos analistas de Wall Street antes do início da temporada de balanços. Combinado à resiliência da economia às tarifas e à intenção do Fed de retomar o ciclo de afrouxamento monetário, isso tem incentivado as empresas a recomprar suas próprias ações em ritmo recorde. Desde o início do ano, o valor dessas recompras subiu para US$ 983,6 bilhões. As previsões indicam que esse montante ultrapassará US$ 1,1 trilhão até o final de 2025, estabelecendo um novo recorde.
Dinâmica dos volumes de recompra de ações por empresas dos EUA
No entanto, o céu sobre o S&P 500 não está totalmente claro. Por muitos anos, o amplo índice acionário superou seus pares estrangeiros, tornando as ações dos EUA caras e as europeias baratas. Em 2025, esse processo se inverteu, o dinheiro está fluindo do Novo Mundo para o Velho. E não só isso. Segundo o Bank of America, o capital está se movendo dos fundos de ações dos EUA para os fundos do mercado monetário. Na semana que antecedeu 6 de agosto, os primeiros perderam US$ 28 bilhões, enquanto os últimos ganharam US$ 107 bilhões.
Provavelmente, os grandes investidores estão aproveitando a força da economia dos EUA, a proximidade do corte da taxa de juros pelo Fed e os resultados corporativos impressionantes para vender ações ao público, que tem comprado ansiosamente nas quedas.
Tecnicamente, no gráfico diário do S&P 500, os touros tentam restaurar a tendência de alta. No entanto, se falharem, poderá surgir um padrão de reversão 1-2-3. Nesse caso, seria prudente vender o amplo índice acionário. A condição necessária para isso é a queda abaixo do nível de suporte em 6.320.
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